RIO - O empresário Eike Batista deu mais um passo na sua estratégia de venda de ativos após o colapso do império “X” no ano passado. O consórcio formado pelo fundo árabe Mubadala e a trading holandesa Trafigura concluiu na quarta-feira a compra de 65% do Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). A operação, que inclui um aporte de US$ 400 milhões no porto, viabiliza uma área portuária nobre do estado. A expectativa é que o porto, exclusivo de minério de ferro, entre finalmente em operação em agosto de 2014, após sucessivos adiamentos.
O investimento total no porto é de cerca de R$ 4 bilhões. A cifra inclui o novo aporte e os recursos aplicados pela MMX, empresa de mineração de Eike que era dona do porto. A MMX ficará com 35% do terminal e terá direito a indicar um nome para o Conselho de Administração da empresa que administrará o porto, a PortCo. Não há restrições para que Eike assuma o único assento a que a mineradora terá direito. As demais seis cadeiras serão indicadas pelo consórcio, na proporção de 50% para cada.
De acordo com Mariano Marcondes Ferraz, membro do Conselho que representa a Impala, subsidiária da Trafigura que comandará a operação do porto, o terminal atingirá uma capacidade de embarque de sete milhões de toneladas de minério de ferro este ano. Em 2015, serão 35 milhões de toneladas e em 2016, 50 milhões de toneladas. Até lá, Ferraz estima que estejam trabalhando cerca de 400 funcionários no porto.
Há dois contratos já firmados, com a própria MMX e com a mineradora da Usiminas, para escoamento de 19 milhões de toneladas de minério por ano. No radar do novo consórcio estão novos clientes como Ferrous e Gerdau, que têm minas na região de Serra Azul (MG), onde ficam as minas da MMX e da Usiminas.
O porto pretende ser um canal para escoamento do minério das empresas dessa região, que hoje são reféns de Vale e CSN, as duas únicas empresas que têm terminal de minério de ferro no Estado do Rio.
– Estamos conversando com pequenas, médias e grandes mineradoras. Queremos ser uma solução logística para elas, com foco no mercado asiático, que é o mercado comprador – disse Ferraz.
Os US$ 400 milhões desembolsados pelo consórcio serão integralmente usados para terminar as obras do porto. Hoje, o percentual de execução das obras é de 75%. Além da injeção de capital, o consórcio está assumindo uma dívida de US$ 1,2 bilhão referente ao porto e à MMX. Assim, Eike se livra de contas a pagar a fornecedores. O consórcio não terá, porém, qualquer participação na MMX.
Trafigura e Mubadala também aceitaram assumir o pagamento do título MMXM11. A MMXM11 é uma das duas ações da MMX negociadas na Bovespa. Ela foi criada quando a MMX comprou o Porto do Sudeste da LLX (braço de logística do grupo).
Na época, todos os acionistas da LLX “ganharam” essa nova categoria de ações, que prevê o pagamento de um royalty trimestral de US$ 5 por tonelada de minério de ferro embarcada pelo porto a partir da geração de lucro bruto. Com o dólar alto, este era um passivo importante na negociação.